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sábado, 6 de outubro de 2012

Pra quem você costumava ser

Eu ainda me perco no seu olhar. No seu cheiro. Na lembrança do seu gosto. Na lembrança das suas mãos firmes e decididas me segurando forte. Fosse por vontade ou por proteção. Eu ainda me perco em você.
Eu ainda não encontrei alvejante forte o suficiente pra tirar você das minhas roupas, dos meus lençóis. Pra tirar o seu suor das minhas entranhas. Pra tirar você de mim. 
Eu ainda me derreto toda por você. Eu ainda perco a razão, o chão, as minhas convicções... Eu perco a concentração. Eu perco meu mundo. E ganho o céu. 
Mas eu perdi você. Eu perdi o que você era pra mim. Eu perdi o brilho nos seus olhos. O gosto da sua boca. Do seu corpo. O encaixe das suas mãos nas minhas costas. Das suas pernas nas minhas. A sintonia das nossas línguas. A sincronia das nossas almas. 
Agora você é só... Só mais uma lembrança de quando eu era feliz. Só mais uma idealização. Só imagens. Fotos. Ingressos do cinema. Cartas. Brigas. Reconciliações. Livros. O cheiro no meu travesseiro. 
Agora você é só esses olhos cheios de lembranças perdidas em algum canto escuro da alma. Você é a representação perfeita da minha loucura. Da minha insanidade. A razão dos meus choros mais doídos. Das minhas mágoas mais profundas. Você é o culpado por todas as vezes que eu quis sumir no mundo. Culpado por todas as vezes que eu desacreditei. Por minha desconfiança. Meu muro na alma. 
Você me quebrou. Agora eu não tenho mais conserto. Eu vou ter sempre essa rachadura. Onde quer que eu vá. Com quer que eu esteja. Vai sempre faltar essa lasca no meu peito. 
Vai sempre faltar você. 
Mas nem você sabe mais onde se encontrar...

Gláucia Martini

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