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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O verdadeiro paraíso


Eu não acredito em Deus. Todo mundo se espanta quando eu digo isso. Logo eu, nascida, batizada e criada  com crenças cristianas, não acreditar n'Ele. Aliás, reformulo minha afirmação, eu me recuso a acreditar em Deus.
Durante toda minha vida eu ouvi e li como Ele amava todos nós como Seus filhos, mas também sempre li como o mesmo Deus amoroso castigava de maneira impiedosa aqueles que O desobedeciam. E eu nunca entendi isso muito bem.
Portanto, eu me recuso a acreditar em um deus assim. Eu me recuso a acreditar que exista um deus lá em cima que nos dá o livre arbítrio, mas que também castiga quem age de cabeça própria. Eu me recuso a acreditar em um deus que diz nos amar, mas que manda pro inferno (literalmente) quem não faz o que ele manda. Pelo menos esse não é o meu conceito de amor. 
Eu me recuso ainda mais a acreditar em um deus onipresente, onisciente e onipotente que tem conhecimento de tudo que se passa aqui embaixo e que prefere cruzar os braços diante de todas as barbaridades que existem por aqui. Eu me recuso a acreditar em um deus que deixa crianças morrerem de fome e sede antes mesmo de aprenderem a pedir comida. Eu me recuso a acreditar em um deus que deixa crianças morrerem e ponto. Eu me recuso a acreditar em um deus que vê massacres acontecendo todos os dias com seus filhos e não opera nenhum milagre a favor dos oprimidos. Eu não acredito em um deus que diz que a vida é sagrada, que ele é o único com direito a dar e a tirar uma vida e que deixa bilhões de pessoas viverem abaixo do nível de miséria acreditando na promessa de paraíso depois da morte. Se se comportarem bem, devo relembrar. 
Eu não consigo acreditar em um deus que deixa crianças serem estupradas pelos seus próprios porta-vozes, que deixa milhares serem dizimados por causa de um fé diferente, que prega o amor ao próximo, mas que se esqueceu de dizer que o respeito ao próximo é tão importante quanto. Esse mesmo deus permite que seu maior sacerdote se sente todos os dias em um trono de ouro, com não sei quantos empregados a seu dispor 24 horas por dia, enquanto pais de família botam suas vidas em risco todos os dias trabalhando 16 horas por dia, sem condições decentes, só pra levar um pedaço de pão pra casa e matar a fome da família de 5 filhos (já que o mesmo deus condena o aborto, condena o uso de métodos contraceptivos e se esqueceu de colocar no seu livro sagrado algumas lições de economia doméstica).
Eu não suporto acreditar em um deus que prega o medo, o temor, ao invés do respeito e do conhecimento.
Mas eu tenho minhas crenças. Eu acredito no amor. Na paz. No amor ao próximo. Melhor, no respeito ao próximo, acima de tudo. Eu acredito na alegria, na luz, na esperança que surge em cada ato bom. No respeito a todo e qualquer tipo de vida, no respeito ao nosso lar, à natureza. Eu acredito nesse bem transcendental que ultrapassa os limites da vida e da morte e que resta aqui pra quem quiser cultivá-lo. Eu acredito que a nossa salvação é deitar a cabeça no travesseiro e ter a consciência limpa por sempre fazer o bem sem olhar a quem. E essa salvação não depende da nossa cor, crença, religião, estado civil, orientação sexual, depende só do nosso coração e da nossa capacidade de emanar luz.  
Eu acredito que cada um de nós tem o direito de acreditar no que quiser, desde que uma crença não se faça superior a outra, e que todas elas estejam na luta pelo mesmo objetivo: "Paz na Terra aos homens de boa vontade."

Gláucia Martini

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