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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Perdas.

E a gente acaba se perdendo... Perdendo o jeito, perdendo a espontaneidade, perdendo a leveza de simplesmente ser...
É triste crescer e perceber que, muitas vezes, é necessário forçar um sorriso; sorriso esse que saía quase sem controle em uma época da vida. Hoje é tudo mais controlado. 
Acho que o medo de partir corações e de ter seus próprios corações partidos faz todo mundo tão cauteloso, tão insensível, tão frio. E a ironia é a beleza disso. 
Na verdade, está todo mundo com medo de viver. Mas viver mesmo, sem pensar no depois. Aquela droga de 'politicamente correto' que tenta fazer tudo mundo certinho, respeitando o espaço do outro, fingindo ser agradável, fingindo não sentir nada. Onde fica a paixão nesse discurso todo? A impulsividade? Nas comédias românticas, eu acho. 
Digam o que disserem, mas não tem nada mais lindo na vida de alguém que as tolices que se faz quando jovem, antes de se decepcionar de verdade com alguém pela primeira vez. Eu me lembro das minhas. Nada tão fora de juízo assim, mas aquelas coisas de adolescente, sabe?! Beijar o melhor amigo na escada da escola, sem medo de estragar a amizade; correr na chuva e pular dentro de toda e qualquer poça d'água encontrada no caminho; apertar a campainha e subir a rua correndo pra ninguém ver quem foi; dizer que ama sem esperar um 'eu também' como resposta; escrever cartinhas de amor e nunca entregar; não ter medo de se passar por bobo. Eu nunca fui tão sábia como naquela época quando todo mundo dizia que eu não sabia nada da vida. 
Talvez a magia seja realmente essa. Esquecer tudo que nós aprendemos como  'o certo a se fazer' e ser mais infantis. Dane-se se meu coração vai se partir e eu vou ficar na fossa por algum tempo; dane-se se eu posso me decepcionar feio com alguém em quem eu escolhi confiar; dane-se se chocolate dá espinhas; dane-se se vão me ver como uma idiota; dane-se... Eu quero aquela moleca de volta! Aquela menina sem maquiagem, despenteada, com unha sem fazer, calça rasgada, tênis sujo. Aquela criatura que não se encaixava em nada, e que não se importava com isso. Eu quero aquela leveza de volta. 
Mas nem sempre a gente consegue o que quer, certo?!

Gláucia Martini

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